Em dezembro de 2013 completa-se 10 anos da grande luta contra a reforma da previdência, estopim da nossa expulsão do PT. Ter ajudado a fundar o PSOL e ter sido a primeira líder da bancada na Câmara Federal é um dos maiores orgulhos que carrego no meu currículo. Enfrentar o governo Lula no auge da sua popularidade e construir o PSOL foi um enorme desafio para o qual me preparei ao longo de muitos anos de militância.
Minha vida política começou cedo, aos 14 anos de idade, no colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, escola estadual que sempre foi um reduto da militância estudantil. Não foi por acaso que fui parar lá. Respirei política desde criança, através do meu pai — Tarso Genro — que exilou-se no Uruguai logo após o meu nascimento, e do meu avô — Adelmo Genro — cassado pela ditadura quando era vice prefeito de Santa Maria, minha cidade Natal. Em 1974 meu pai retornou ao Brasil e nos mudamos todos para Porto Alegre, onde minha mãe, Sandra Genro, foi fazer a residência medica e onde nasceu a minha irmã Vanessa. Em 1988 ganhei meu maior presente, o Fernando Marcel Genro Robaina, filho meu e de Roberto Robaina, que foi meu marido e é até hoje meu companheiro de militância e dirigente da minha corrente no PSOL, o Movimento Esquerda Socialista. Sou casada desde 1994 com o jornalista Sérgio Bueno, que também tem uma filha, a Luísa.
Em 2011 me tornei advogada, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/ RS e sócia do escritório Genro e Genro — Advocacia dos Direitos Constitucionais. Fundei ainda o Emancipa, ONG que oferece cursos gratuitos para jovens de baixa renda que querem se preparar para o vestibular e o ENEM. Minha vida profissional, entretanto, começou em 1988 quando me tornei professora de inglês, oficio que exerci ate 1994, quando fui eleita deputada estadual pela primeira vez, tendo sido depois reeleita em 1998. Na Assembléia Legislativa foram muitas batalhas, contra a corrupção e o desmonte do Estado promovido pelo governo do PMDB. Estive sempre apoiando as lutas dos servidores públicos, inclusive no meu segundo mandato quando os trabalhadores em educação enfrentaram o governo do PT, que ainda era o meu partido.
Foi depois deste longo caminho que me tornei deputada federal, ainda pelo PT, e protagonizei a luta dos “radicais” junto com Heloísa Helena, Babá e João Fontes, naquele momento histórico de enfrentamento com a capitulação do governo Lula aos interesses do capital financeiro. Votamos contra a reforma da previdência, e em dezembro de 2003 fomos os quatro parlamentares expulsos do PT, numa histórica reunião da direção nacional do partido, comandada por José Dirceu, o chefe do mensalão. Naquela reunião, Roberto Robaina, então membro da direção nacional do PT, anunciou sua saída junto conosco. A partir deste momento milhares de militantes desfiliaram-se, e outros tantos que simpatizavam ou apoiavam o PT perceberam que ali não havia mais espaço para a esquerda coerente.
Ao longo de 2004 e 2005 percorrermos o Brasil para viabilizar o PSOL, de cuja Direção Nacional faço parte desde de sua fundação, e que estreou nas eleições de 2006, na qual fui reeleita deputada federal, pelo PSOL, com a histórica votação de mais de 186 mil votos.
Na Câmara Federal foram muitas as lutas, e por duas vezes fui premiada como a melhor deputada federal pelo site Congresso em Foco. A mais marcante de todas as lutas foi, sem dúvida, a CPI do Apagão Aéreo, da qual fui titular e vivi de perto tanto o drama dos familiares das vitimas da tragédia da TAM como também a luta dos controladores de vôo. Me orgulho de ter tido o reconhecimento de todos eles pela luta contra a impunidade dos responsáveis pela tragédia e contra a perseguição aos controladores.
Também integrei a Comissão da Reforma Tributária, onde apresentamos um conjunto de propostas para corrigir as injustiças do sistema tributário brasileiro, e cheguei a aprovar na CCJ o projeto que regulamentava o imposto sobre as grandes fortunas, engavetado na legislatura seguinte. A defesa dos aposentados, de reajustes dignos ao salário mínimo, a luta contra a dívida pública que estrangula o país e os estados, a denúncia permanente da corrupção e das medidas do governo que privilegiam banqueiros em detrimento dos trabalhadores foram, entre tantos temas abordados, marcas dos meus mandatos.
Tive ainda ainda a oportunidade de representar o PSOL na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, em 2008, quando obtive quase 10 por cento dos votos e ajudei a eleger a primeira bancada de vereadores do PSOL em Porto Alegre, com Pedro Ruas e Fernanda Melchionna. Em 2010, mesmo tendo sido uma das deputadas mais votadas no Rio Grande do Sul, com 130 mil votos, não fui reeleita devido a injusta regra do coeficiente eleitoral. Na eleição municipal de 2012 fui impedida pela justiça de participar do processo eleitoral por ser filha do governador. Se esta visão jurídica medíocre e injusta for mantida, estarei impedida de me candidatar no Rio Grande do Sul, talvez até 2020. Mas isso não vai me impedir de seguir lutando e construindo o PSOL!
fonte:http://lucianagenro.com.br/
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